Universidade Federal do Ceará
Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas

Texto de autoria do professor Antonio Gomes Souza Filho

Foto: Faculdade de Medicina da Bahia, 1921-1926.

Ela não apenas terminou o curso como percorreu uma trajetória de vida e profissão marcante e intensa. Deixou seu nome bem visível na história da medicina psiquiátrica. Sua abordagem com os pacientes eliminava as formas agressivas de tratamento utilizadas na época, tais como internação, eletrochoques e lobotomia. Essa atitude não foi bem aceita, e ela foi transferida para a área de terapia ocupacional, onde ela encontrou um espaço adequado para desenvolver um tratamento humanizado dos pacientes com transtornos mentais.

Nise humanizou o tratamento psiquiátrico com amor e arte. Sua abordagem rendeu-lhe reconhecimento internacional e contato com Carl Jung, que organizou exposição em Zurique das telas pintadas pelos pacientes de Nise. Seu trabalho inspirou a criação de centros de estudos e museus dedicados às imagens do inconsciente. Ela foi também pioneira no Brasil na pesquisa das relações afetivas entre pacientes e animais, aos quais chamava de co-terapeutas.

É importante mencionar a perseguição política que ela sofreu. Em 1936, Nise foi presa por 18 meses por ter sido acusada por uma colega de comunista. Durante esse período manteve contato com Graciliano Ramos que inclusive a retrata como personagem na sua obra Memórias do Cárcere. Ela foi banida do serviço público e só foi anistiada em 1944, quando voltou a atuar livremente na medicina.

Coragem é substantivo feminino. Encanta a coragem de mulheres pioneiras de antigamente e de hoje. São destemidas e admiráveis! Não existe outra opção que não render-se! Nise é heroína da humanidade.

A história de Nise é retrata no filme Nise – O Coração da Loucura.