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Série Pioneiras: Emmy Noether

Data de publicação: 20 de abril de 2022. Categoria: Destaques, Notícias

Texto de autoria do professor Antonio Gomes Souza Filho

A teoria dos invariantes desenvolvida pela matemática alemã Emmy Noether é muito bonita e impactou a física moderna de forma direta. De forma resumida, para cada simetria existe uma quantidade física conservada. Todo estudante de física fica encantado quando é apresentado o Teorema de Noether.

Emmy nasceu na Alemanha no final do século 19 e o pai matemático era professor na Universidade de Erlangen. No início do século 20 não era permitido a entrada de mulheres na instituição, pois o status quo pregava que “acabaria com toda a ordem acadêmica”. Em 1903, Emmy foi uma das duas primeiras alunas a entrar em Erlangen, mas em uma condição muito inferior à dos estudantes homens; ela só poderia assistir aula como ouvinte e com a autorização expressa dos professores.

Foto: Colin Hunter

Os detalhes da vida de Emmy estão relatados em uma biografia escrita por Michael Lucibella para a Sociedade Americana de Física. Algumas partes chamam atenção.

– Emmy terminou o curso, defendeu tese e passou 7 anos ensinando na universidade sem receber salário, às vezes substituindo o pai.
– Em 1915, um matemático famoso chamado Hilbert a convidou para trabalhar em Goettingen. Ela não foi bem recebida. Um colega de Hilbert declarou: “O que pensarão nossos soldados quando retornarem à universidade e souberem que vão aprender de uma mulher?”. Hilbert retrucou: “O sexo dos professores não pode ser um argumento contra a sua admissão. Somos uma universidade, não uma sauna”. Emmy lecionou mais quatro anos sem receber salário.
– Apenas em 1923, Emmy passou a receber um salário, muito menor que dos homens, mas nunca ascendeu na carreira acadêmica na estrutura da universidade.
– Com a ascensão do nazismo, Emmy, por ser judia, foi impedida por lei de trabalhar na universidade, continuou recebendo seus alunos em casa, e finalmente foi expulsa da Alemanha.

Seguindo o que fizera muitos cientistas judeus, Emmy emigrou para os Estados Unidos onde trabalhou no Bryn Marr College e no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton até o fim precoce de sua vida; quando faleceu aos 53 anos de idade.

Nas poucas oportunidades que teve na Alemanha, ela formou uma geração de matemáticos notáveis que ficou conhecidos como “os meninos de Noether”, e cuja recompensa do governo foi outorgá-la a demissão. Emmy enfrentou as estruturas preconceituosas e deixou como contribuição para a ciência uma bela teoria; pura poesia das ideias lógicas. Uma pioneira cujo legado nos ensina, apesar de seguirmos ignorando solenemente essas lições, que o preconceito em qualquer dimensão é uma das principais causas do nosso atraso humanitário.

 

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